A Amazônia vive um dos piores cenários de queimadas das últimas décadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a temporada atual já registrou 59 mil focos de incêndio desde janeiro, configurando o maior número em 17 anos. A situação, já alarmante, é agravada pela seca que castiga mais de mil cidades no país, e que este ano começou mais cedo devido ao fenômeno El Niño.
O Inpe alerta que a fumaça das queimadas está se espalhando por milhares de quilômetros, afetando diretamente 10 estados brasileiros. Entre eles estão Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, oeste do Paraná, parte de Minas Gerais, trechos de São Paulo e Amazonas.
Especialistas explicam que a fumaça proveniente da Amazônia se junta àquela gerada pelas queimadas no Pantanal, no Parque Guajará-Mirim, em Rondônia, e até mesmo na Bolívia, formando um verdadeiro “corredor de fumaça” que cruza o país. Só em agosto, mais de 22 mil focos de incêndio foram registrados na Amazônia Legal, quase o dobro do número observado no mesmo período do ano passado.
A seca, que geralmente atinge seu ápice entre agosto e outubro, tem sido apontada como um dos principais fatores que impulsionam os incêndios. Este ano, contudo, a estiagem se antecipou, com início ainda em julho, potencializando as queimadas ilegais.
Apesar de dados recentes apontarem uma redução de 45% no desmatamento da Amazônia no último ano, o pesquisador do Inpe, Luiz Aragão, alerta que a diminuição do desmatamento não significa o fim das queimadas. “A Amazônia tem mais de 800 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas, a maioria utilizada para pastagem. Quem está nessas áreas continua utilizando o fogo para o manejo do pasto, o que aumenta a incidência de queimadas, somando-se às novas invasões. Ou seja, não basta apenas reduzir o desmatamento, é necessário monitorar o que acontece com as áreas já destruídas”, explica.
A combinação entre a seca extrema, o uso do fogo para manejo de pastagens e a continuidade das invasões de terras, coloca a Amazônia em uma situação crítica. Os impactos ambientais, de saúde pública e econômicos são imensuráveis, e a resposta eficaz do poder público é urgente para reverter esse quadro devastador.
jurua24horas com infomações Metropoles