Historiador Antônio Franciney de Almeida fala sobre os ciclos históricos e desafios para o futuro de Cruzeiro do Sul, que completa 120 anos

Para o historiador, um dos maiores gargalos que Cruzeiro do Sul enfrenta hoje é a falta de planejamento urbano adequado.

Neste sábado, 28 de setembro, Cruzeiro do Sul celebra 120 anos de fundação. Em conversa com o portal Juruá24Horas, o historiador, escritor e poeta Antônio Franciney de Almeida Rocha compartilhou sua visão sobre o passado e o futuro da cidade. Para ele, Cruzeiro do Sul passou por diversos ciclos de desenvolvimento, e continua enfrentando desafios importantes, especialmente relacionados à urbanização e à preservação de sua cultura e meio ambiente.

Franciney destaca que o início da cidade foi marcado pela instalação de uma base militar em 1904, por Thaumaturgo de Azevedo, e desde então, a cidade viveu momentos alternados de grande investimento econômico e períodos de estagnação. “Nos anos 50, com a construção do aeroporto antigo e, depois, nos anos 60 e 70, com a chegada do 7º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC), finalmente conseguimos transformar em realidade o projeto de urbanização da cidade. Antes disso, o centro da cidade era um grande pântano”, explica o historiador.

A drenagem e pavimentação das ruas, iniciada nessa época, continuou nas décadas seguintes, com grandes obras realizadas durante o mandato do prefeito Tota e, posteriormente, com o prefeito Orleir Cameli, que fez a drenagem definitiva do Igarapé. Porém, apesar desses avanços, Franciney aponta que há muitos desafios ainda a serem superados. “Nos anos 2000, começamos a nos conectar mais ao Brasil com a pavimentação da BR-364, mas ainda temos problemas de mobilidade urbana e falta de espaços de lazer. Não há projetos de arborização ou parques como vemos em outras cidades, e isso é algo que precisamos cobrar das autoridades”, alerta.

Para o historiador, um dos maiores gargalos que Cruzeiro do Sul enfrenta hoje é a falta de planejamento urbano adequado. Ele lamenta a ausência de projetos que pensem no futuro da cidade, como a ampliação das ruas e a criação de novos espaços públicos. “A cidade está no meio da Amazônia, mas não tem árvores no centro. As poucas que tínhamos foram derrubadas. Precisamos repensar o uso do espaço urbano e planejar para os próximos 50 anos”, defende.

Francinei também destaca a importância de valorizar as famílias pioneiras que construíram a história de Cruzeiro do Sul, sem esquecer das novas gerações que ajudam a impulsionar o desenvolvimento. “Somos uma cidade com uma cultura própria, forjada por dificuldades, mas com muito orgulho e vaidade de ser cruzeirense. Nossa ligação com Manaus, historicamente, foi mais forte do que com Rio Branco, o que criou uma identidade única no Juruá”, reflete.

Apesar dos desafios, o historiador mantém a esperança de que a cidade continuará a crescer e a se desenvolver, desde que haja um olhar atento para o futuro. “Os cruzeirenses são valentes, orgulhosos de sua terra. Precisamos de líderes que enxerguem além do presente e projetem um futuro melhor para as próximas gerações. Nossa história é rica, e nosso potencial de crescimento também é enorme”, conclui.

JURUA24HORAS

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