Você já percebeu que os vagalumes estão sumindo das grandes cidades? Esses pequenos besouros luminescentes, também conhecidos como pirilampos, pertencem à família Lampyridae e são famosos por sua luz branca esverdeada. No Brasil, existem três famílias principais de vagalumes: elaterídeos, lampirídeos e fengodídeos. No entanto, nas grandes metrópoles, como as cidades da Amazônia, esses “seres iluminados” estão cada vez mais raros.
O Portal Amazônia conversou com o biólogo Leandro Zeballos, mestre em entomologia e doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), para entender o possível desaparecimento desses insetos e as curiosidades que envolvem as espécies de vagalumes.
“Até o momento, não temos evidências científicas de que as populações de vagalumes estão diminuindo, especialmente na Amazônia, onde há uma grande diversidade de espécies. No entanto, relatos de especialistas e de pessoas em geral apontam que o avistamento de vagalumes está cada vez mais raro. Embora isso não seja prova científica, esses relatos somados às crises ambientais indicam um possível desaparecimento dessas espécies”, explicou Zeballos.
Fatores de Declínio
Embora não existam muitos dados específicos sobre o declínio dos vagalumes, Zeballos destacou que alguns fatores podem estar contribuindo para a redução das espécies. “Um estudo realizado no Rio de Janeiro mostrou que a poluição luminosa é um dos principais perigos para esses insetos, avançando mais rápido que outros fatores, como o desmatamento. Na Amazônia, os vagalumes enfrentam ameaças como a perda de habitat, resultado de queimadas, desmatamento e urbanização crescente. Além disso, o uso de pesticidas e a contaminação das águas também afetam esses insetos, que dependem de áreas úmidas para sobreviver”, afirmou.
Impacto da Poluição Luminosa
A poluição luminosa é uma das maiores ameaças para os vagalumes, afetando diretamente seu comportamento e sua capacidade de reprodução. “A luz artificial está se expandindo para áreas de floresta antes escuras, interferindo na comunicação entre os vagalumes. A luz que esses insetos produzem é essencial para que os machos encontrem as fêmeas para acasalamento. Com a iluminação artificial ofuscando essa comunicação, os vagalumes têm dificuldades em formar pares reprodutivos”, explicou o entomólogo.
Novas Espécies Descobertas
Apesar dos desafios, a pesquisa sobre vagalumes na Amazônia continua trazendo surpresas. Em 2023, o grupo de estudo de Leandro Zeballos descreveu seis novas espécies, e uma delas ganhou o nome de um famoso cantor brasileiro. “Descobrimos oito espécies novas para a ciência, sendo cinco delas aqui na Amazônia. Uma das espécies do Mato Grosso foi nomeada Scissicauda neyi, em homenagem ao cantor Ney Matogrosso. A pesquisa de novas espécies é essencial, pois ainda há muito a descobrir antes que elas desapareçam”, destacou Zeballos.
Curiosidades sobre os Vagalumes
Zeballos também revelou uma curiosidade sobre os vagalumes: “O vagalume adulto praticamente não se alimenta, ele vive apenas para a reprodução. A fase em que ele realmente come é na larva, quando se torna um predador voraz, alimentando-se de invertebrados como caracóis e minhocas. Isso explica sua dependência de áreas úmidas e com disponibilidade de água, o que influencia diretamente sua sobrevivência”, comentou o biólogo.
Vagalumes e a Cultura
Além de sua importância ecológica, os vagalumes também têm valor cultural. Para alguns povos indígenas, eles são vistos como espíritos de ancestrais. Em outras culturas, são considerados amuletos de sorte e até se tornaram uma atração turística em países como Japão, Taiwan e Tailândia, onde há festivais dedicados à observação desses insetos.
As descobertas e os estudos realizados por pesquisadores como Leandro Zeballos são essenciais para a preservação das espécies e para aumentar a conscientização pública sobre os riscos que os vagalumes enfrentam, tanto em termos ambientais quanto culturais.
JURUÁ24HORAS com infomações portalamazonia