O potencial do etnoturismo e os desafios para tornar essa atividade sustentável foram apresentados na última quarta-feira (4), na Terra Indígena Katukina Kaxinawá, do povo Shanenawa, em Feijó, Acre. O evento marcou o lançamento do Diagnóstico do Etnoturismo na Amazônia Legal, elaborado pelo Instituto Samaúma a pedido do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O estudo busca estruturar o turismo de base comunitária nos territórios indígenas, promovendo práticas sustentáveis e benefícios para as comunidades locais. Segundo o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, Rodrigo Rollemberg, as informações do diagnóstico serão usadas para criar rotas e práticas que conciliem desenvolvimento econômico com preservação ambiental.
Benefícios para as Comunidades
O coordenador-geral de Cadeias Produtivas da Amazônia, João Francisco Maria, destacou que o etnoturismo oferece uma oportunidade de distribuir renda de forma justa nas comunidades. “O turismo de base comunitária beneficia moradores diretamente, seja como guias, gestores de restaurantes ou hospedarias”, afirmou. O modelo fomenta a economia local sem desrespeitar os ecossistemas e as tradições indígenas.
Além disso, o etnoturismo tem atraído cada vez mais visitantes. Dados do Instituto Samaúma indicam um aumento de 30% no fluxo de turistas interessados na cultura indígena entre 2018 e 2023, sendo 60% brasileiros.
Desafios e Soluções
Apesar do potencial, as comunidades indígenas enfrentam dificuldades para gerenciar o turismo como negócio. Lana Rosa, responsável pelo diagnóstico, apontou a necessidade de capacitação em gestão financeira, jurídica e administrativa. “Muitas comunidades enfrentam desafios por estarem em áreas isoladas, com pouco acesso à internet e a serviços essenciais”, explicou.
Para superar essas barreiras, foi criado um Guia de Boas Práticas, que orienta as comunidades sobre gestão, transparência e planejamento de visitações. O objetivo é fortalecer iniciativas locais, transformando-as em empreendimentos comunitários.
Reconhecimento Internacional
A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Elisa Calcaterra, elogiou a iniciativa brasileira, destacando sua importância para as comunidades indígenas, para a conservação da floresta e para o intercâmbio cultural com turistas. “É uma oportunidade única para o Brasil e para o mundo”, concluiu.
Com o lançamento do diagnóstico, espera-se que o turismo sustentável nas terras indígenas se torne uma ferramenta eficaz para proteger a biodiversidade e valorizar as culturas tradicionais da Amazônia.