Pesquisadores alertam para seca severa e profundas mudanças climáticas no Acre, Bolívia e Peru

Pesquisadores alertam para seca severa e profundas mudanças climáticaO alerta sobre seca e calor, além de queimadas capazes de alterar temperaturas futuras, foi feito.

A seca do rio Acre em 2025, a partir do mês de maio, quando começa o período de estiagem na região amazônica, poderá ser mais severa que a de 2024, quando o nível de água chegou a níveis nunca vistos em pelo menos 53 anos, a cerca de 1,23 metro, desde que o nível do manancial passou a ser estudado.

Pesquisadores alertam para seca severa e profundas mudanças climáticaO alerta sobre seca e calor, além de queimadas capazes de alterar temperaturas futuras, foi feito, em publicações em português, inglês e espanhol, pelo MAP, sigla que reúne pesquisadores de três países a partir das regiões de Madre de Deus, no Peru, Alto Acre, no Brasil, e Pando, na Bolívia.

“Estamos no período mais destacado das mudanças climáticas na região do Map”, diz o documento que leva a assinatura do pesquisador norte-americano Foster Brow, que atua na Universidade Federal do Acre (Ufac).

“Desde 1990 até 2024, há 34 anos, a temperatura anual na área indicada aumentou aproximadamente 1,8 graus”, diz o documento da Universidade de Main, nos Estados Unidos.

Florestas secas e inflamadas podem incendiar

De acordo com o documento, a temperatura na região em março de 2025, na mesma área do MAP, foi maior que a de 2024, confirmando o que já vinha sendo observado nos dois anos anteriores, em 2023 e 2024.

A magnitude de calor foi capaz de surpreender os especialistas, especialmente em 2024, quando o efeito do El Niño estava diminuindo. Na região MAP, a temperatura média de setembro de 2024 superou a de setembro de 2023, segundo dados da Universidade do Maine.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC indicou que as causas das mudanças na temperatura são múltiplas, uma mistura de fatores naturais e humanos.

Entre os fatores humanos com influência global estão o aumento contínuo de gases de efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis e a mudança nos aerossóis produzidos pelo transporte marítimo.

Em escalas amazônica e local, o desmatamento contribuiu para um aumento significativo da temperatura e provavelmente agravará esse fenômeno nas próximas décadas, já que não existe nenhuma estratégia em larga escala para deter e/ou reverter as taxas atuais de desmatamento, “para frear e/ou reverter as taxas atuais de desmatamento, integrada em uma ação conjunta de restauração florestal”.

De acordo com o documento, além da temperatura, “podemos notar uma mudança na distribuição das chuvas na Amazônia, com um alongamento da estação seca na região MAP”.

Durante o período de outubro de 2024 a março de 2025, o estado do Acre foi um dos mais afetados pela seca, com vários municípios enfrentando entre três e quatro meses sob condições de seca severa, extrema ou excepcional, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Em março de 2025, o Monitor de Secas da Bolívia já indicava condições de seca leve em partes do departamento de Pando. No mesmo período, todos os municípios do Acre apresentavam condições de seca leve, de acordo com o Índice Integrado de Secas (IIS) do Cemaden.

Durante a temporada de chuvas, a água subterrânea se recarrega, permitindo o crescimento de árvores e o fluxo de água nos rios durante a estação seca.

“Menos chuva na época de chuvas pode significar menos água no solo e nos rios durante a estação seca nos próximos meses, além de aumentar a inflamabilidade das florestas e das áreas agrícolas. Durante o período intenso de fumaça em setembro de 2024, em Rio Branco, a média mensal de PM2.5, uma medida de material particulado fino, alcançou cerca de 100 microgramas por metro cúbico (µg/m³), semelhante ao que ocorreu em outras cidades da região MAP. O limite diário dAlém das Terras Indígenas Alto Purús, Cabeceira do Rio Acre, Jaminawa do Guajará, Mamoadate e Manchineri do Seringal Guanabara, a Reserva Extrativista Alto Juruá, bem como áreas protegidas do departamento de Pando (Bolívia), como a Reserva Manuripi”, diz o documento do MAP.

“Juntas, essas áreas naturais protegidas formam uma paisagem trinacional de alto valor ecológico que garante a conectividade biológica, a regulação hídrica e a conservação das florestas na região MAP. As pessoas mais diretamente afetadas pelas mudanças climáticas – os extrativistas, ribeirinhos, povos indígenas e os povos indígenas isolados na região MAP – precisam especialmente que suas florestas sejam protegidas contra o desmatamento e a degradação, seja por atividade madeireira não sustentável ou pelo fogo”, acrescenta a publicação.

As sugestões do MAP para a redução de danos 

Para minimizar as consequências, o MAP sugere a implementação, além de atualização, nos níveis federal, estadual, municipal e comunitário, de “planos de contingência para desastres socioambientais associados a eventos climáticos extremos, com a participação ativa de organizações comunitárias”.

No caso de Pando – acrescenta o documento – os Conselhos Comunitários e as Federações de Conselhos Comunitários (FEJUVE), bem como organizações inovadoras de afetados para a gestão adequada dos riscos decorrentes, durante e após eventos extremos.

Os custos dessas atividades são muito menores que os danos causados por esses eventos, exemplificados pela inundação em Rio Branco em 2015 e outros eventos no Acre.

Outra recomendação do MAP é para preparar as sociedades para enfrentar a mudança climática, a perda de biodiversidade e os desastres socioambientais nas próximas décadas, por meio de modificações nos sistemas educacionais desde a educação básica até o ensino superior, como proposto no Brasil através da Lei nº 14.926, de 17 de julho de 2024 e o que está estabelecido na Lei de Educação nº 070.

No Peru, o Objetivo Prioritário da Política Nacional de Gestão do Risco de Desastres até 2050 e o artigo 2.2 do Decreto Supremo declaram de interesse nacional a emergência climática.

A terceira sugestão é fortalecer e difundir bons exemplos de preparação e resposta de comunidades que enfrentam eventos extremos, como a autogestão de desastres promovida pelos habitantes do bairro Junín, severamente afetados pelo transbordamento do Rio Acre na cidade de Cobija.

A sugestão número quatro é “realizar a gestão da paisagem para manter a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas naturais que amortecem os impactos das mudanças climáticas em escala regional, mantendo áreas de proteção e recuperação de zonas críticas. Em linha com o enfoque ecosistêmico da Convenção sobre a Diversidade Biológica e as prioridades estabelecidas no Plano Maestro do Parque Nacional Alto Purús 2024–2029 (SERNANP, 2024), torna-se urgente implementar medidas de adaptação e mitigação a médio e longo prazo, como a restauração de paisagens degradadas”.

Como quinta sugestão, o MAP aponta o fortalecimento do monitoramento climático coordenado, salvaguardas específicas para os PIACI e o fortalecimento da governança ambiental trinacional para garantir a resiliência desses ecossistemas e das populações que deles dependem.

“Integrar ferramentas de governança territorial (zonificações, ordenamentos territoriais e planos de vida) com estratégias de adaptação e mitigação às mudanças climáticas e a provisão de serviços ambientais. Priorizando a região MAP e buscando a participação direta dos governos locais, regionais e nacionais, com responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, acrescenta.

A sexta sugestão é expandir as redes de monitoramento hidrometeorológico e da qualidade do ar da região MAP para apoiar alertas e respostas a eventos extremos, utilizando tecnologias de baixo custo integradas com os sistemas educativos e de saúde para facilitar a aplicação da informação gerada. “Estamos no período mais marcante de mudanças.na região do MAP”, diz o documento.

Por Contilnet 

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