Na última terça-feira (25), em uma área remota do Pará, mulheres ribeirinhas que fazem parte da Associação Extrativista (AME), localizada na Ilha do Combú, foram agraciadas com a doação de computadores pelo Ministério das Comunicações.
“A tecnologia faz toda a diferença para aquelas pessoas que mais precisam. Temos que levar inclusão digital para elas. Essa entrega foi feita para mulheres guerreiras, que tiram da terra, das plantas, produtos comercializados que são verdadeiros benefícios para a população. Não há distância e não há obstáculo para um governo federal que quer todos os brasileiros com acesso ao mundo digital”, afirmou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Os computadores, que chegaram à comunidade por meio de barco, foram instalados em um espaço que facilitará o acesso de crianças e jovens ribeirinhos a pesquisas e trabalhos escolares, eliminando a necessidade de deslocamento para os grandes centros urbanos.
“Iremos capacitar a comunidade. Pais e jovens não sabem manusear um computador. Queremos usar para pesquisas e estudos. Muitos não conseguem ir para as cidades para fazer cursos. Muitos não têm nada para estudar em casa”, relatou Iracema dos Santos, vice-presidente da AME e extrativista.
Os computadores também serão utilizados em um projeto que promove o protagonismo feminino. As extrativistas, cuja atividade garante profissionalização e perspectiva de rentabilidade, poderão divulgar mais amplamente seu trabalho artesanal – desde a colheita até a extração do óleo de andiroba, uma planta medicinal utilizada como anti-inflamatório e cosmético.
“Tenho 90 anos. Nunca mexi em um computador. Vai ser ótimo para as meninas estudarem também e não terem que pegar barco para a cidade”, comentou Geralda dos Santos, também extrativista.
Os equipamentos doados fazem parte do programa Computadores para Inclusão, do Ministério das Comunicações. Este programa destina máquinas que não seriam mais utilizadas em órgãos públicos, por estarem danificadas ou obsoletas, para os Centros de Recondicionamento de Computadores, onde são recuperados por alunos de cursos de capacitação profissional. Posteriormente, os equipamentos são distribuídos para pontos de inclusão social em todo o Brasil, como escolas e associações.
O projeto da AME surgiu de uma demanda das próprias mulheres das comunidades da Ilha do Combú e Piriquitaquara. Em funcionamento há quatro anos, é formado por mulheres trabalhadoras que já promoveram diversas oficinas para capacitação nas técnicas de elaboração de cosméticos e materiais de limpeza à base de andiroba.
Com a parceria do programa Computadores para Inclusão e a doação das máquinas, a expectativa do projeto AME é resgatar o valor de todo o trabalho realizado com a andiroba, promovendo valorização cultural, reconhecimento da mão de obra local e um retorno financeiro essencial para a economia local e para as mulheres extrativistas que continuam produzindo produtos naturais na região.