Trinta e cinco dias após milhares de peixes apareceram mortos no Rio Acre, em Rio Branco, nos trechos da confluência do Igarapé Judia até a comunidade Colibri, os órgãos de proteção ambiental da Prefeitura de Rio Branco e do Governo do Acre ainda não sabem o que causou o desequilíbrio do ecossistema do manancial. O Ministério Público do Acre, que informou a abertura de inquérito, não respondeu ao contato doac24horas.
Os peixes começaram a ser vistos mortos ou agonizando no dia 5 de outubro. “Tem peixe de todo tamanho. Tem arraia que deu mais de 25 quilos, jaú de 18 quilos, mas tem de todo tamanho. A gente quer que as autoridades descubram o que está causando isso, que nos ajudem, por favor”, denunciou a ribeirinha Cacilda da Silva, em um vídeo que viralizou nas redes sociais à época.
Paula Joseanny, bióloga chefe da divisão de fauna do Instituto do Meio Ambiente do Acre – IMAC e uma das responsáveis pela coleta dos materiais enviados para análise em laboratório, disse ao ac24horas que o episódio foi trágico e com o potencial de desequilibrar o ecossistema do rio na região. “O impacto da morte desses animais é imprevisível. Foi um volume muito grande que desequilibrou toda uma cadeia, foi algo muito severo, que deve demorar anos até ser reparado”, afirmou em matéria que foi ao ar em 10 de outubro.
Oficialmente, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA disse que a previsão era para que o laudo de análise das amostras de água da região, bem como dos animais encontrados mortos, fosse elaborado em 15 dias, mas até agora não há nenhuma novidade sobre o caso. Nesta quarta-feira (6), a assessoria da pasta informou que a nota técnica com o resultado das análises está em fase de finalização. A expectativa é de que as informações sejam divulgadas na semana que vem.
O secretário municipal de Meio Ambiente em Rio Branco, Carlos Nasserala, informou que as análises ficaram sob responsabilidade da SEMA, que até agora não compartilhou nenhum resultado.
O Ministério Público do Acre, por meio da Promotoria de Justiça Especializada de Defesa do Meio Ambiente da Bacia Hidrográfica do Baixo Acre, se manifestou no dia 10 de outubro informando que instaurou um inquérito civil para apurar as causas e responsabilidades do que pode ser um crime ambiental. Além disso, o promotor de justiça Alekine Lopes solicitou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMEIA) enviasse, no prazo de cinco dias, relatórios de fiscalização realizados na área afetada, visando identificar as causas da mortandade dos peixes e as providências já tomadas, e também solicitou ao Núcleo de Apoio Técnico (NAT), órgão auxiliar do MP/AC, para realizar diligências no entorno da região atingida, no prazo de até 10 dias úteis, para investigar possíveis ações ou omissões que possam ter contribuído para o incidente, além de laudo técnico que avalie a qualidade da água do Rio Acre, bem como a coleta de amostras para análise de poluentes ou substâncias tóxicas.
A reportagem pediu tanto para o secretário da SEMEIA, Carlos Nasserala, quanto ao Ministério Público do Acre, acesso aos relatórios de fiscalização do órgão municipal solicitados pela promotoria. Nasserala não compartilhou os documentos com a reportagem, mas disse que enviou ao MP tudo o que foi solicitado. O MP, por sua vez, não respondeu à solicitação até o fechamento desta matéria.
O jornal também solicitou do Ministério Público do Acre acesso ao laudo que, em tese, teria sido produzido pelo Núcleo de Apoio Técnico, mas também não houve resposta sobre a solicitação.
Por Ac24horas