Brasil precisa vender produtos com maior valor agregado, afirma Jorge Viana

Para Viana, Brasil está repensando sua posição no comércio global

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem atuado para reposicionar o Brasil no comércio exterior e estimular a venda de produtos com maior valor agregado, segundo o presidente da agência, Jorge Viana.

Isso não significa, porém, que o país deve colocar a exportação de commodities em segundo plano. “O que estamos tentando é estar presentes com produtos com manufatura, produtos com tecnologia, produtos que trabalhem a transição energética. É isso o que a gente está trabalhando”, disse Viana em entrevista à série Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito. Nela, a revista eletrônica Consultor Jurídico ouve alguns dos principais nomes do Direito e da política sobre os temas mais relevantes da atualidade.

Ex-governador do Acre e ex-senador, Viana defende que, em sua gestão à frente da agência, o Brasil voltou a “disputar o mundo”. E uma das principais iniciativas resultantes dessa nova postura são os “mapas de atração de investimentos” apresentados pela Apex.

“Fizemos um com os Estados Unidos, que está sendo lançado e no qual há quase mil oportunidades. Fizemos um com a China, estamos fazendo com a Índia. Fizemos um com a União Europeia”, relatou ele.

O projeto referente à China requer uma atenção especial. Isso porque, se comparado com as relações mantidas com os Estados Unidos, o comércio do Brasil com o gigante asiático ainda está distante da estratégia elaborada pela ApexBrasil.

“Os Estados Unidos são o segundo maior comprador nosso, mas eles compram manufaturas, produtos com agregação de valor, gerando emprego no país. A China compra commodities, é o grande comprador. Quase mais do que duas vezes o que a gente vende para os Estados Unidos, mas compra matéria-prima e nos vende produto com alto valor agregado.”

Rota do Pacífico

Por outro lado, Jorge Viana reconheceu a importância da presença chinesa para o desenvolvimento da infraestrutura comercial da América do Sul. Nesse sentido, ele lembra que foi graças aos chineses que os produtos brasileiros passaram a contar com uma nova rota de chegada ao mercado asiático.

“Próximo de Lima, no Peru, há um investimento chinês no porto de Chancay, que recebeu mais de US$ 3 bilhões. Porque, na visão da China, ter uma ferrovia atravessando o Brasil, do Atlântico até o Pacífico, passando pelo Acre, tendo mais saídas para o Pacífico, significa alternativa ao canal do Panamá, que é único e que já enfrenta problemas como consequência das mudanças climáticas”, disse Viana.

Segundo ele, uma paralisação no Canal do Panamá elevaria o custo da logística e, consequentemente, o custo de produtos. Já o escoamento da produção por dentro do território brasileiro, com embarque no Peru, torna tudo mais rápido e econômico.

“A viagem é encurtada em 23 dias quando se pensa em portos que saem do Atlântico brasileiro na comparação com portos que saem do Peru, por exemplo, como o de Chancay, e fazendo a travessia pela Amazônia Ocidental, passando pelo Acre.”

Reforço

Além da nova mentalidade de trabalho na ApexBrasil — que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços —, Viana observou que a agência contou com um reforço decisivo em sua estratégia de diversificar a vitrine comercial do país: a participação frequente do presidente da República nos eventos que o órgão promove no exterior.

“O Brasil estava sem a diplomacia presidencial nos últimos tempos. E, agora, com o atual governo do presidente Lula, ele trouxe fortemente isso. Nós já fizemos mais de 11 encontros empresariais, em 11 países diferentes, com a presença do próprio presidente.  Quem vende o país, quem promove um país, é a sua liderança maior. E é isso o que gente está retomando agora.”

Viana destacou que, atualmente, o Brasil tem um fluxo de comércio exterior de US$ 600 bilhões. Além disso, o país figura entre os que mais recebem investimentos no mundo. Diante disso, ele projetou um futuro ainda mais positivo para o comércio exterior brasileiro.

“Muito provavelmente, se a gente seguir trabalhando assim por mais alguns anos, podemos alcançar um fluxo de US$ 1 trilhão. E isso significa muito emprego dentro do Brasil e presença das empresas brasileiras no mundo todo.”

Clique aqui para assistir à entrevista ou veja abaixo:

Consultor Jurídico

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