Um grupo de pescadores capturou uma arraia enorme e publicou nas redes sociais, no início desta semana. No entanto, o tamanho e peso do animal chamou a atenção de um biólogo que constatou que a espécie capturada, Paratrygon aiereba, está em extinção. A arraia não foi morta, e apesar de um ferimento, ela foi devolvida ao seu habitat natural.
“Identifiquei que era uma fêmea da espécie Paratrygon aiereba, olhamos o ferimento da captura, não estava sangrando e observamos que seria possível a recuperação. Retiramos o anzol e ela se movimentava normalmente, neste momento optamos por soltá-la, já que infelizmente, não há na região um órgão ou estrutura com capacidade adequada para tratar um animal desse porte e posteriormente reintroduzi-lo na natureza”, explicou o biólogo Aerisson Nogueira.
Em 2022, um estudo do Núcleo de Ictiologia do Vale do Juruá, realizado no Laboratório do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre, revelou que a Paratrygon aiereba é uma das arraias mais abundantes na região. Os resultados da pesquisa alertam para a necessidade de conservação do animal, pois eles desempenham um papel crucial no controle populacional de outras espécies aquáticas. Sua perda poderia gerar um sério desequilíbrio no ecossistema do rio.
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A Paratrygon aiereba é uma das maiores espécies de arraias de água doce do mundo e pode atingir até 1,6 metro de largura do disco e pesar 110 quilos. No entanto, essa espécie está classificada como criticamente em perigo na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, conforme a Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022.
Dessa forma, a ameaça de extinção pode ocorrer principalmente pela sua maturação sexual tardia e a baixa taxa reprodutiva—cada fêmea dá à luz, em média, apenas dois filhotes por ciclo reprodutivo, que ocorre a cada dois anos. Além disso, pode ocorrer de caírem em armadilhas para outras espécies.
A captura acidental desse animal pode acontecer da seguinte forma: durante a noite, os adultos se deslocam para áreas mais rasas dos rios em busca de alimento, consumindo peixes e crustáceos. Dessa forma, esse comportamento os torna suscetíveis à captura acidental em armadilhas destinadas a outras espécies de peixes. No entanto, na região do Juruá, há registros frequentes de exemplares dessa espécie, o que indica que o rio ainda funciona como um refúgio essencial para sua sobrevivência.
Aerisson Nogueira reforça a importância da preservação e da soltura das arraias quando capturadas acidentalmente. “Essa espécie é bastante capturada por acidente nas armadilhas que os pescadores da região utilizam. Por isso, acendemos um alerta para a conservação do animal”, ressaltou o biólogo.
Com informações de Juruá em Tempo.
Redação Juruá24horas