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Documentário retrata o trabalho dos brigadistas no combate aos incêndios florestais na Amazônia

Aumentados pela crise climática, os incêndios florestais, sejam eles criminosos ou não, causam perdas irreparáveis à biodiversidade da Floresta Amazônica. Este consenso é compartilhado por cientistas da Rede Amazônia Sustentável (RAS), um grupo que inclui a Embrapa Amazônia Oriental. Recentemente, eles lançaram em Santarém um documentário pioneiro que mostra o trabalho dos brigadistas, homens e mulheres, na linha de frente do combate às chamas.

O documentário de curta-metragem ‘Heróis do Fogo: A Luta dos Brigadistas na Amazônia’, já disponível online, oferece uma visão da realidade dos brigadistas, a partir dos registros feitos por eles mesmos em campo, e evidencia as ações de combate direto ao fogo e as consequências do fogo na Amazônia.

O lançamento ocorreu na última sexta-feira, 26, durante a roda de conversa “Emergência Ambiental – Efeitos do El Niño na Resex Tapajós-Arapiuns e Flona do Tapajós”, na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), campus Tapajós. A programação integrou o IV Seminário de Pesquisa da Floresta Nacional do Tapajós e o II Seminário de Pesquisa da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, denominado “Puxirum de Saberes”, realizado de 22 a 26 de abril.

Segundo Erika Berenguer, pesquisadora das Universidades de Oxford e Lancaster, e membro da RAS, a ideia de produzir o documentário surgiu, inicialmente, de uma demanda dos próprios brigadistas. A cientista relatou que passou o segundo semestre de 2023 acompanhando o trabalho das brigadas e realizando medições de incêndios florestais. Em 2023, Santarém e região registraram seca e incêndios de proporções históricas, com impactos de destruição menores apenas que o grande incêndio de 2015, no qual cerca de 10.000 quilômetros quadrados de floresta foram consumidos pelo fogo durante uma seca agravada pelo El Niño. Já em 2023, novamente com a incidência do El Niño, foram afetados 5.000 quilômetros quadrados, uma redução atribuída em parte ao trabalho dos brigadistas, conforme destacado pelos cientistas das RAS.

A devastação causada por incêndios florestais, sejam criminosos ou não, resulta em perdas irreparáveis para a biodiversidade da Floresta Amazônica. Estudos consolidados pela RAS indicam que aproximadamente 78% das espécies de plantas e animais sofrem redução após uma área ser atingida pelo fogo, o que significa que ela nunca mais se recupera completamente. Além disso, a perda de estoque de carbono da floresta pode ser de até 40%, o que pode agravar o efeito estufa. Diante desse cenário alarmante, os pesquisadores buscam alertar o poder público e a sociedade sobre a necessidade urgente de investir em políticas eficazes de prevenção de incêndios florestais.

A bióloga Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém,PA) e membro da RAS afirma que os incêndios florestais na Amazônia são de ordem ambiental, mas também social e que, com as mudanças climáticas, as previsões com secas extremas se tornarão mais comuns. “Esse é o resultado da ação humana. As florestas perturbadas, ou seja, as que foram desmatadas ou impactadas pela extração ilegal de madeira e pelas queimadas, contribuem diretamente para a emissão de gases do efeito estufa,” enfatiza a cientista.

A pesquisadora pontua ainda, que a mudança de estrutura da floresta e a perda dessas espécies, sejam animais ou plantas, assim como os impactos para as pessoas que dependem da floresta para garantir sua subsistência precisam ser analisados com atenção. “Os incêndios florestais afetam a todos nós, direta ou indiretamente, pois o planeta é um só e os impactos são globais”, reitera.

Uma parte desse cenário de destruição é retratado no filme: castanheiras centenárias e outras árvores e vegetação consumidas pelas chamas; animais queimados, vítimas dos incêndios, e o relato de pessoas e moradores das comunidades tradicionais relatando problemas de saúde como falta de ar e ausência de visibilidade devido à fumaça excessiva.

jurua24horas

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