O brasileiro Alexandre Pires da Silva, morador de Brasiléia e dependente químico, enfrenta nesta semana um julgamento na Bolívia que pode lhe render pena máxima, em meio a denúncias de irregularidades na condução do caso.
Preso em março de 2023 sob acusação de envolvimento no assassinato da comerciante boliviana Bernada Guevara, de 75 anos, ele afirma ser vítima de um erro judicial, segundo sua defesa e familiares.
Pires, que já havia buscado recuperação em uma casa terapêutica ‘Reconstruindo Vidas para o Reino de Deus’ em Rio Branco, havia retornado a Brasiléia onde trabalhava como pintor. Em uma recaída, ele cruzou a fronteira até Cobija, cidade boliviana conhecida pelo acesso facilitado a drogas, onde foi detido “no lugar errado, na hora errada”, junto a outros dependentes na Avenida Internacional.
Na ocasião, a polícia local investigava o assassinato da comerciante Guevara, ocorrido meses antes. A vítima foi encontrada morta por asfixia em sua residência após um assalto, o que gerou grande comoção na cidade. A vida de Pires começava a mudar drasticamente devido as leis rígidas da Bolívia
Segundo a advogada que representa o Consulado Brasileiro em Pando, Jacqueline Choque Ortega, há fortes indícios de irregularidades no processo. “O caso parece ser um claro exemplo de erro investigativo”, afirma Choque Ortega, que solicita um exame minucioso das provas apresentadas pela promotoria, alegando que os indícios contra Pires são insuficientes e contraditórios.
O advogado de defesa de Pires, Dr. Ricardo Eid Rivero, afirma ter documentação que prova a inocência de seu cliente. Segundo ele, Alexandre Pires estava a mais de 235 quilômetros de Cobija no dia do crime, internado em uma clínica de reabilitação na capital do acre, Rio Branco.
A defesa contesta também a veracidade do testemunho de um boliviano que o teria incriminado; Rivero alega que esta testemunha foi coagida e depois transferida para uma penitenciária em Riberalta, cidade industrial na Bolívia, o que, segundo ele, pode indicar irregularidades na condução do caso.
Com as investigações em curso sobre o assassinato da comerciante Guevara, no dia seguinte à sua prisão Pires, nove messes depois do assassinato o dependente químico Pires foi apresentado as autoridades como um dos autores do assassinato da comerciante, Alexandre Pires da silva e natural de Brasiléia e passou a ser o principal suspeito de tirar a vida da comerciante para roubar pertences da mesma segundo os agentes responsáveis pelo caso.
Pires automaticamente foi levado a penitenciaria de Vila Busch, na sequência foi transferido para o centro do País onde já cumpriu pena de um ano e oito meses por está respondendo por delito de assassinato previsto no art. 252 do código penal, em aplicação do art. 323 numero 1 de CCP de acusação formal das leis bolivianas, o mesmo foi entregue e detido preventivamente em decisão do ministério público pandino à Penitenciária Chonchocoro em La Paz.
Com a audiência marcada para esta semana, a defesa e familiares de Pires aguardam que as autoridades bolivianas considerem as provas de inocência do brasileiro, temendo que ele seja injustamente condenado com base em um processo que, segundo seu advogado, está “contaminado por falsos testemunhos e falhas investigativas”.
Fonte: O Alto Acre