Produtores rurais do Juruá enfrentam multas e proibição de queimadas: “Somos obrigados a queimar para sobreviver”

As multas aplicadas variam conforme a área queimada, e muitos agricultores foram autuados por perderem o controle do fogo em suas propriedades.

Pequenos produtores rurais da região do Juruá estão enfrentando uma situação delicada devido à proibição de queimadas e à aplicação de multas pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC). Nos últimos dias, mais de R$ 1,3 milhão em multas foram aplicadas na região, e muitos agricultores relatam dificuldades em lidar com as novas restrições, que afetam diretamente sua produção.

Antônio Rodrigues de Braga, morador da região do Ramal 2, explicou que a falta de apoio do governo na mecanização e infraestrutura força os pequenos agricultores a usar o fogo para limpar suas terras. “Nós somos obrigados a queimar, porque sem isso não temos como plantar e levar comida para a mesa”, desabafou Braga, ressaltando que a produção agrícola das comunidades é essencial para o abastecimento de alimentos na cidade. Segundo ele, sem alternativas como tratores e maquinário, os produtores rurais dependem do método tradicional, apesar dos riscos e dos impactos ambientais.

Na mesma situação está Maria Luciene Sena da Silva, moradora do Ramal 13, BR-364, e mãe de 12 filhos. Ela foi autuada pelo IMAC e agora busca recorrer à Defensoria Pública para tentar reduzir o valor da multa. “Vivemos da agricultura. Se não tiver como queimar, não tem como plantar. Não temos máquinas, não temos trator, e o ramal está ruim. A queimada é nossa única opção”, explicou Dona Maria, que depende das roças para sustentar sua família.

De acordo com Iracema Moll, bióloga do IMAC, as operações são necessárias devido ao aumento descontrolado das queimadas, que têm causado grandes prejuízos ambientais e econômicos, como a queima de pastagens, cercas e florestas. “O uso do fogo por pequenos agricultores, sem medidas preventivas, acaba saindo do controle, resultando em danos não só à vegetação, mas também à qualidade do ar e da água, além de afetar linhas de transmissão de energia”, afirmou a especialista.

O decreto estadual que proíbe qualquer tipo de queimada está em vigor, e as autoridades reforçam que, além da questão ambiental, há um sério impacto na saúde pública devido à fumaça que toma conta da região. Mesmo assim, os produtores rurais argumentam que, sem alternativas viáveis, continuarão a enfrentar dificuldades para manter suas atividades agrícolas.

As multas aplicadas variam conforme a área queimada, e muitos agricultores foram autuados por perderem o controle do fogo em suas propriedades. A expectativa dos produtores é de que o governo ofereça mais suporte para evitar a necessidade do uso de queimadas, garantindo, assim, a segurança alimentar e a proteção do meio ambiente na região.

Jurua24horas

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