Após o caso do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos no início do mês no Amazonas, a figura de Chico Mendes voltou a ter destaque. Muita gente relembrou mortes de ambientalistas, que morreram ao defender a causa.
Chico Mendes foi morto com um tiro de escopeta em 22 de dezembro de 1988 , enquanto tomava banho nos fundos de casa, uma semana antes, o líder seringueiro havia completado 44 anos. Nos dias que se seguiram à morte de Chico Mendes, houve comoção mundial pela partida do seringueiro. Diferente dos casos de outros líderes sindicais mortos no Acre dos anos 80, os suspeitos de planejar e matar Mendes foram logo identificados e presos.
Eram eles o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho Darci Alves Ferreira. A viúva de Chico Mendes, entretanto, chegou a pensar que eles sairiam impunes. “Na hora eu até achava, a exemplo de outros casos como o do Ivair [Higino, morto em junho de 88] e do Wilson Pinheiro [morto em junho de 80], que todos ficariam impunes.”
Darly e Darci foram condenados em 1990 a 19 anos de detenção. Eles fugiram da prisão em 1993, e foram recapturados em 1996. Em 1999, Darly saiu do presídio para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. Darci, no mesmo ano, ganhou o direito de cumprir o restante da pena em regime semi-aberto.
Em 2013, Darly disse que considerava injusta a fama após o crime. Em entrevista ao g1 na época, ele disse que as pessoas não conheciam a verdade.
“As pessoas me chamam de assassino, mandante. Repórter não sabe de coisa nenhuma, só ouviu falar, e para saber de algum negócio, você tem que ler o processo ou ser testemunha. Chamam minha família de perigosa, acusando as pessoas sem saber”, chegou a dizer.
Quem era Chico Mendes
- O seringueiro, que morava em Xapuri, cidade do interior do Acre, é conhecido como ativista ambiental , que lutou pela preservação e a favor dos seringueiros.
Ameaças
- Ilzamar Mendes, viúva de Chico e mãe dos dois filhos do casal, Elenira e o Sandino, contou ao g1 que nos dias que antecederam a morte de Chico Mendes, ele já dizia que estava com os dias contados. “Em 15 de dezembro, dia do aniversário dele, ele me chamou até o quarto, sentou as crianças no colo, olhou para nós três e disse que aquele seria o último aniversário que passaria conosco. E isso foi ruim. Era uma facada no peito por saber que aquela pessoa que tanto você ama, que desenvolvia um trabalho importante, tanto para o Acre, como para o Brasil e para o mundo, estava sendo perseguido e ameaçado de morte”, contou.
A morte
- Chico Mendes foi morto com um tiro de escopeta no peito quando saía para tomar banho nos fundos de sua casa, em Xapuri, em 22 de dezembro de 1988. Uma semana antes, o líder seringueiro havia completado 44 anos. Após a morte de Chico Mendes Darly Alves da Silva e seu filho Darci Alves, e um irmão do fazendeiro, Alvarino Alves da Silva, foram apontados como os principais suspeitos do homicídio. A participação deste último nunca foi comprovada, mas pai e filho acabaram sendo condenados. O primeiro porque teria sido o mandante do crime e o segundo porque teria atirado no ativista.
Legado
- Conhecido internacionalmente, o legado de Chico Mendes hoje é mantido pelos filhos, por meio do Comitê Chico Mendes e também outras ações. A casa do líder também é um patrimônio histórico do estado, porém segue fechada. O imóvel, em Xapuri, está fechado e cercado de mato. O chefe da Divisão Técnica do Iphan, Arlan Hudson Souza e Silva, explicou que tanto o terreno como a estrutura do imóvel precisam passar por novas obras de revitalização.
- Segundo ele, há o risco de erosão no terreno e serão feitas barreiras de contenção. Essa obra envolve ainda parte da rua e do calçamento. Esse é um dos projetos em andamento e é avaliado em mais de R$ 300 mil.
- Hoje a maior reserva extrativista do Acre leva o nome do seringueiro, mas tem sofrido com ameaças de desmatamento, sempre liderando também o ranking de queimadas em áreas protegidas.