Nível do Rio Juruá se aproxima da cota mínima com 2,13 metros em Cruzeiro do Sul causando transtorno para quem viaja pelo rio.
O Rio Juruá é a principal via de acesso aos municípios de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo e de dezenas comunidades ribeirinhas. Todos os dias saem do porto de Cruzeiro do Sul dezenas de embarcações rumo a essas comunidades. Mas no período de estiagem navegar pelo manancial fica bem mais difícil, dobrando o tempo de viagem. E para quem trabalha levando mercadorias aos municípios do alto Juruá, a situação é bem mais complicada.
“Não tá fácil. Tem que ter muito cuidado, são muitos rasos, muito pau. Na última viagem nós gastamos 14 dias para chegar em Marechal”, disse o barqueiro Edemilson Silva que se preparava para realizar outra viagem.
Os vídeos registrados pelos próprios barqueiros mostram um pouco da dificuldade. Eliton dos Santos trabalha há mais de 15 anos levando mercadorias ao município de Marechal Thaumaturgo, mesmo conhecendo muito bem o trecho, não consegue se livrar dos bancos de areia. A viagem que era realizada em dois dias, agora demora até 10 para ser concluída.
“Agora a gente só tem dia para sair, porque ninguém sabe mais o dia que vai chegar lá. A gente fica pedindo a Deus que caia uma chuva para ver se o rio ganha mais água. A gente só continua viajando nesse porque é o nosso único ganha pão”, contou Eliton Santos comandante da embarcação.
Rasos, banco de areia, galhos de arvores são alguns dos obstáculos. A demora na viagem significa prejuízo para os trabalhadores. Quem levava 20 toneladas de mercadorias agora não consegue levar a metade do que era transportado.
“Eu levava 20 toneladas, agora só estou levando 13 toneladas, mesmo assim, ainda temos que descarregar o batelão umas 4 vezes até chegar lá. Na verdade, quando a gente vai chegar em Marechal Thaumaturgo o batelão já está seco. Na situação que o rio está lá, a mercadoria só chega em canoa pequena. Tudo isso é prejuízo para nós” contou Eliton.
O nível do rio Juruá chegou a 2.13 metros de lâmina d’água. Em Porto Walter a situação ainda é mais crítica. O Rio está com pouco mais de 1 metro de água e permanece em alerta máxima. Segundo o comandante interino do Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul, tenente Ocimar Farias, em Cruzeiro do Sul, durante os 15 dais do mês de setembro choveu apenas 0,6 mm na cidade, diferente de anos anteriores que chegou a chover mais de 200 mm.