“Bioeconomia Inclusiva na Amazônia” foi o tema da oficina que reuniu extrativistas, produtores rurais e pesquisadores da Embrapa para discutir estratégias de produção sustentável que beneficiam pequenos produtores e comunidades tradicionais da região amazônica. O evento, realizado no município de Brasiléia (AC), no dia 31 de outubro, faz parte das ações do projeto “Diagnóstico e Plano Estratégico para atuação da Embrapa numa abordagem de Bioeconomia Inclusiva na Amazônia (BIAmazon)” que contempla atividades em diversas localidades da Amazônia.
O pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), Roberto Porro, líder do projeto, e um dos facilitadores do evento, destaca a importância de integrar comunidades locais, como estratégia para incentivar o protagonismo dos pequenos produtores e extrativistas na bioeconomia. “Validamos junto a produtores rurais os resultados das coletas de dados e informações em campo, realizadas na Regional do Alto Acre. Também abordamos aspectos relacionados ao potencial de mercado das cadeias produtivas locais”, comenta.
Porro complementa , ainda, que o Acre e, especialmente, o município de Brasiléia, têm um potencial enorme para desenvolver um modelo de bioeconomia que seja exemplo para o Brasil. “Aqui, a diversidade de recursos e o conhecimento tradicional podem se combinar com práticas de manejo e cultivo sustentável, gerando uma economia que protege a floresta e melhora a vida dos moradores”, reforça.
Novas perspectivas
“As orientações da Embrapa têm nos ajudado a enxergar novas práticas de produção. Na minha área, com mais organização e planejamento na hora de plantar, vimos que podia ter uma produção maior em uma área menor. Hoje, temos um Sistema Agroflorestal com castanheira, seringueira, açaí e cupuaçu. Isso muda nossa perspectiva de vida“, diz a extrativista da Resex Chico Mendes, Ana Paula de Souza, uma das participantes da oficina.
O extrativista Alexandre Maciel, membro do Coletivo Varadouro, grupo que reúne jovens moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes, destacou que as discussões no evento mostram a importância da luta pela manutenção do subsídio da borracha, iniciativa do Governo Federal que valoriza extrativismo sustentável, essencial para muitos pequenos produtores locais. “O subsídio ajuda a manter as pessoas nas suas terras e reduz a pressão por desmatamento para outras atividades, como a pecuária. Além de garantir qualidade de vida para quem vive do extrativismo, contribui para a preservação da Amazônia”, reforça.
Durante a oficina, Maciel declamou uma poesia em homenagem ao seringueiro, sindicalista e ambientalista Chico Mendes. Nascido em Xapuri (AC), transformou a luta pela Amazônia em um símbolo de resistência e justiça social para o mundo. Este ano, Chico Mendes completaria o 80º aniversário de nascimento. Confira o vídeo aqui.
Abordagem participativa
João Batista Martiniano Pereira, pesquisador da Embrapa Acre e coordenador da oficina, ressalta a importância de um diálogo participativo com os atores da cadeia da bioeconomia no Acre e que esse modelo de abordagem permitiu não só a apresentação e discussão dos resultados de diagnóstico da bioeconomia na região, mas também a identificação de demandas prioritárias da comunidade que podem direcionar futuras ações de pesquisa e contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas para uma bioeconomia inclusiva e sustentável.
“Buscamos integrar as necessidades de produtores locais às diretrizes de bioeconomia, além de incentivar o desenvolvimento de práticas sustentáveis e economicamente viáveis para essas comunidades”, complementa.
O projeto BIAmazon é executado pela Embrapa Amazônia Oriental e conta com o apoio do Departamento de Políticas de Estímulo à Bioeconomia / SBC, do Ministério do Meio Ambiente, que aporta recursos por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED). As ações do projeto visam promover o desenvolvimento de cadeias produtivas que respeitam o ecossistema local e valorizam o conhecimento tradicional.