INSS: Associação subiu arrecadação de R$ 135 para R$ 15 milhões

O faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.

Edfício sede do INSS, em Brasília • Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC), alvo de investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) por descontos indevidos em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, teve um aumento vertiginoso de arrecadação nos últimos anos.

Em 2021, as contribuições dos associados foram de R$ 135. O total saltou para R$ 14,9 milhões em 2022. Crescimento de 11.092.533%. Em 2023 o valor foi a R$ 91 milhões. E somente nos três primeiros meses de 2024 as contribuições alcançaram R$ 71,6 milhões. O faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.

O aumento significativo no faturamento da associação chamou a atenção da CGU, que fez uma auditoria na entidade. Segundo a apuração, associação não apresentou a documentação necessária para comprovar que aposentados e pensionistas tinham conhecimento e concordaram com os descontos, como fichas de filiação e termos de autorização.

A defesa da associação, representada pelos advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, diz que “não praticou a atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas (CORBANS), de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados. Ou seja, as reclamações são fruto de possíveis erros havidos no momento da afiliação de novos associados”.

A CGU apontou que, no caso da AMBEC, “inexiste estrutura física adequada e compatível com as ações de captação, filiação e atendimento da quantidade de associados registrados” e que os aposentados vítimas dos descontos registrados na entidade “desconhecem por completo” a associação.

Segundo a investigação, a AMBEC é supostamente controlada por “laranjas” ligados ao empresário do setor de saúde Mauricio Camisotti.

A AMBEC foi fundada em 2006, e está sediada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo. Até fevereiro do ano passado, ela era presidida por Maria Inês Batista de Almeida, ex-auxiliar de dentista que trabalhou nas empresas Brazil Dental e Prevident, ambas do grupo THG (Total Health Group), de Camisotti. Ela é moradora do Jardim Robru, no extremo leste de São Paulo, segundo o inquérito.

Segundo o inquérito da PF, o grupo THG comandaria outras duas associações: a União dos Servidores Públicos do Brasil (Unsbras) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap).

As três associações juntas respondem por 17,3% de participação nos descontos estimados de 2024, somando R$ 456,5 milhões e superando, em conjunto, a campeã em descontos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), com R$ 435 milhões descontados no ano passado.

O inquérito também cita que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, seria procurador legal da associação. A PF caracteriza Antunes como figura central no esquema investigado, como um lobista que representava as associações junto ao INSS, cooptando funcionários públicos para liberar os descontos milionários.

O inquérito da Operação Sem Desconto aponta uma série de transações financeiras suspeitas que reforça a relação entre a AMBEC, outras associações supostamente controladas por Mauricio Camisotti, e fraudes contra beneficiários do INSS.

Um dos exemplos citados é a empresa Prevident, integrante do grupo THG e registrada em nome de Brilhante Palmeira. Entre agosto de 2023 e abril de 2024, a AMBEC transferiu R$ 16,3 milhões para a Prevident. Sobre esse assunto, a defesa da associação não comentou.

A CNN tenta contato com as defesas de Mauricio Camisotti e da Prevident.

Por Agência Brasil 

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