Em Porto Walter, estrada bloqueada dificulta tratamento de menina com paralisia cerebral

Pai de menina com paralisia cerebral luta pela reabertura de estrada em Porto Walter e fala das dificuldades.

Porto Walter, município localizado na região do alto Rio Juruá, enfrenta uma situação crítica devido à seca severa do rio que dá acesso à cidade. Com uma população de mais de 13 mil habitantes, os moradores relatam um cenário de abandono e dificuldades extremas para se conectar com Cruzeiro do Sul, agravado pelo tempo de viagem que passou de nove horas para três dias.

A situação é ainda mais dramática para aqueles que necessitam de tratamentos médicos fora do município. Aldefran Dias de Oliveira, servidor público de 40 anos e pai de Mel Luísa Andrade Dias, uma menina de 11 anos com paralisia cerebral, compartilha as dificuldades enfrentadas por sua família.

” Minha esposa e eu lutamos todos os anos para proporcionar um tratamento adequado para nossa filha. Morando em Porto Walter, um município isolado com apenas transporte fluvial e aéreo, a situação se torna ainda mais desafiadora para nós, pais. Nossa filha faz tratamento em Cruzeiro do Sul a cada três meses pelo TFD. Já moramos em Cruzeiro do Sul de 2012 a 2016 para tentar um tratamento melhor, mas nossas condições financeiras nos obrigaram a voltar para Porto Walter”, relata Aldefran.

A viagem de barco, que antes durava nove horas, agora pode levar até 72 horas, colocando a saúde de Mel em risco. “Muitas vezes, passamos horas com ela no colo, em um barco sem estrutura adequada, com a alimentação dela toda triturada sendo feita dentro da embarcação. Já enfrentamos situações extremas, como o barco quebrar e termos que ficar sob o sol quente na beira do barranco”, conta o pai.

Aldefran destaca a importância da reabertura da estrada que liga Porto Walter a Cruzeiro do Sul, bloqueada por questões ambientais impostas pelo Ministério Público Federal. “Em 2022, tivemos a chance de usar a estrada e a diferença foi enorme. Saímos às seis da manhã e chegamos em Cruzeiro do Sul às dez horas, um percurso de apenas quatro horas de carro. Conseguimos fazer todos os exames e consultas no mesmo dia e retornar para casa. O gasto foi de apenas 150 reais em gasolina, o que mostra o quanto essa estrada facilitaria nossa vida.”

Ele faz um apelo emocionado às autoridades. “É um sonho que Porto Walter saia do isolamento. A reabertura da estrada não é apenas uma questão de logística, mas uma necessidade urgente para melhorar a qualidade de vida de todos nós, especialmente para aqueles que têm filhos com necessidades especiais. Peço que os órgãos responsáveis reconsiderem essa decisão e ajudem a concretizar esse sonho que é de toda a população de Porto Walter.”

O depoimento de Aldefran evidencia a urgência da situação e o clamor da população por soluções que permitam o acesso digno e seguro aos serviços essenciais. A reabertura da estrada representa esperança e melhoria de vida para milhares de famílias que, como a de Aldefran, enfrentam desafios diários para garantir o bem-estar de seus entes queridos.

jurua24horas

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