Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificou duas novas espécies de besouros do gênero Aleochara, que pertencem à família Staphylinidae, muito utilizada em estudos forenses. Os insetos foram encontrados nos estados do Acre e do Paraná, e apresentam características distintas entre si e das demais espécies conhecidas.
A primeira espécie, batizada de Aleochara capitinigra, foi descoberta no Acre, sendo o primeiro registro desse tipo de besouro no estado. Ela se caracteriza por ter a cabeça de cor preta, o que inspirou o seu nome, que significa “cabeça preta” em latim. As amostras foram coletadas em Rio Branco, sob a casca de árvores.
A segunda espécie, chamada de Aleochara leivasorum, foi encontrada em três municípios do Paraná: Campina Grande do Sul, Ponta Grossa e Tibagi. Ela se diferencia da espécie do Acre pela forma do abdome e pelas estruturas usadas na cópula, que são importantes para a identificação. Os besouros foram achados em áreas de mata atlântica e cerrado.
As novas espécies fazem parte de um grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) intitulado “Biodiversidade de Staphyliniformia (Insecta, Coleoptera)”, coordenado pelo professor Edilson Caron, do Departamento de Zoologia da UFPR. O estudo foi realizado pela mestranda Bruna Caroline Buss, sob a orientação de Caron, e resultou em um artigo publicado na revista internacional Zootaxa.
Segundo os pesquisadores, as novas espécies têm um comportamento peculiar, pois são ectoparasitas de pupas de moscas, que são encontradas sob a casca que se forma na camada externa de pele das larvas durante a metamorfose. Ao localizar uma pupa de mosca, a larva do besouro abre um orifício, depois o fecha com as próprias fezes e se alimenta dela.
Esse hábito alimentar faz com que os besouros sejam reguladores naturais das populações de moscas, que podem ser vetores de doenças ou causar danos a produtos e animais. Além disso, os besouros podem ter uma aplicação forense, pois podem ser usados para estimar o tempo de morte de cadáveres, já que eles se associam às moscas que colonizam os corpos.
“O besouro que estudamos faz parte da fauna que se desenvolve em um cadáver com horas de exposição. Sabendo o nome da espécie, podemos avançar no estudo de ciclo de vida, comportamento, e, caso necessário, tentar responder alguma questão judicial”, explica Caron.
O professor destaca ainda que a descoberta das novas espécies em áreas próximas às cidades reforça a importância da pesquisa contínua para catalogar a biodiversidade local e entender a relevância ecológica de cada espécie, sua distribuição e suas funções junto às demais espécies.
“As espécies descobertas fazem parte de um grupo de besouros que possuem um papel importante na regulação natural das populações de moscas. O desafio agora, após a descoberta das novas espécies de besouros, é estudar quais espécies de moscas são utilizadas para completar o ciclo de vida do besouro”, diz Caron.
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