O Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de países com maior tempo de uso de telas, segundo um estudo realizado em 2024 pelo portal Electronics Hub. Os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia conectados, seja em celulares, computadores ou outros dispositivos. Essa imersão prolongada levanta preocupações sobre os impactos na saúde mental, especialmente entre jovens.
A neuropsicóloga Anna Rúbia Pirôpo Vieira da Costa, especialista e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Unime Anhanguera, explica que o uso excessivo de tecnologia pode desencadear uma série de problemas, como ansiedade, depressão, insônia, dificuldades de concentração e até dores físicas, como a chamada “síndrome do pescoço de texto”, causada pela postura inadequada ao olhar para o celular.
“A tecnologia faz parte do nosso cotidiano, mas é preciso cautela. O uso imprudente e excessivo, sobretudo de celulares, tem gerado grandes impactos na saúde mental, principalmente entre pré-adolescentes, adolescentes e jovens adultos”, alerta a neuropsicóloga.
Além disso, o excesso de tempo online pode afetar a identidade e a autoestima, especialmente em jovens, devido à exposição às redes sociais. “O bombardeio de padrões perfeitos de autoimagem e comportamento aumenta os níveis de ansiedade e depressão, criando cobranças intensas”, explica Anna.
Cuidados com crianças e adolescentes no uso de telas
Anna Rúbia também destaca a importância de limites no uso de celulares por crianças e adolescentes. Segundo ela, o acesso desenfreado a conteúdos nem sempre adequados à idade pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e a autoestima. A Sociedade Brasileira de Pediatria, por exemplo, recomenda que crianças menores de dois anos não sejam expostas a telas.
“Na primeira infância, o cérebro passa por um período de grande neuroplasticidade, em que a qualidade dos estímulos é essencial para o desenvolvimento das funções cognitivas. O uso excessivo de telas nessa fase pode ser prejudicial e os pais precisam agir preventivamente para evitar problemas futuros”, orienta.
Quando buscar ajuda?
De acordo com a especialista, o uso do celular deve ser revisto quando ele começa a interferir no convívio social, na realização de atividades cotidianas ou no bem-estar geral. “Se a pessoa deixa de sair com amigos, evita momentos em família ou não realiza atividades que antes fazia, é hora de buscar orientação profissional”, afirma Anna.
Dicas para um uso saudável do celular
Para evitar os impactos negativos do uso excessivo de telas, a neuropsicóloga sugere seis medidas simples, mas eficazes:
- Estabeleça limites de uso: Utilize ferramentas do celular para monitorar o tempo gasto.
- Desative notificações: Reduza distrações desnecessárias.
- Fique atento aos sinais do corpo: Perceba os alertas emitidos por si mesmo e pelas pessoas próximas.
- Crie áreas sem celular: Evite o uso do aparelho em momentos importantes, como refeições ou reuniões.
- Invista em atividades offline: Pratique esportes, leia livros ou encontre outros hobbies saudáveis.
- Questione-se: Pergunte-se com frequência: “Eu realmente preciso usar o celular agora?”.
No Acre, onde o uso das redes sociais cresce diariamente, as recomendações são especialmente relevantes para preservar a saúde mental de jovens e adultos, promovendo um equilíbrio entre o mundo digital e as interações presenciais.