Pesquisa aponta presença de microplásticos em 98% dos peixes da Bacia Amazônica

A presença desses resíduos no organismo dos peixes representa uma ameaça não apenas à qualidade da água, mas também ao equilíbrio ecológico.

Uma pesquisa conduzida pela professora Daniela Ribeiro Brasil, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), revelou a presença alarmante de microplásticos em 98% dos peixes coletados em rios e riachos da Bacia Amazônica. O estudo, que faz parte do pós-doutorado da pesquisadora na Universidade Federal do Pará (UFPA), encontrou microplásticos tanto no trato gastrointestinal quanto nas brânquias de pelo menos 14 espécies de peixes analisados.

Conforme explica Daniela, a contaminação por microplásticos é originada por diversas fontes, incluindo a poluição atmosférica e resíduos aquáticos e terrestres que chegam aos rios, especialmente nas áreas urbanas. Em média, foram encontradas seis partículas de microplástico por indivíduo, com alguns peixes apresentando até 30 partículas.

A presença desses resíduos no organismo dos peixes representa uma ameaça não apenas à qualidade da água, mas também ao equilíbrio ecológico. A pesquisadora destaca que os peixes, que normalmente consomem larvas de mosquitos – conhecidos transmissores de doenças como dengue e chikungunya –, acabam ingerindo microplásticos, confundindo-os com alimentos. “Se o peixe deixa de comer a larva de mosquito, essa larva pode chegar ao entorno da cidade, aumentando a proliferação de doenças”, explica Daniela.

Impactos potenciais para a saúde humana

Outro alerta trazido pelo estudo refere-se aos riscos potenciais para a saúde humana. Segundo Daniela, microplásticos com substâncias como ftalatos e bisfenol A (BPA), encontrados nos peixes, têm propriedades desreguladoras endócrinas, que podem afetar o sistema hormonal humano. “Essas substâncias estão associadas a problemas reprodutivos e quadros de depressão”, destaca.

Além disso, a professora também identificou contaminação por microplásticos nas nascentes de rios e até mesmo em amostras de água da torneira e mineral, indicando uma presença generalizada desse poluente.

Ações para conter a contaminação

A pesquisa foi incluída em uma série de artigos divulgados em outubro pela Oceana, organização internacional de preservação da biodiversidade marinha. Daniela enfatiza que a divulgação dessas informações visa incentivar políticas públicas para redução da contaminação por plásticos, como a implementação de leis que restrinjam o uso de plásticos descartáveis, atualmente em discussão no Senado.

A descoberta alerta para a necessidade de medidas urgentes para proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde das populações locais.

JURUA24HORAS com informações midianews

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