As lideranças do povo Huni Kuĩ, do município de Jordão, no Acre, têm denunciado, desde o início deste mês, a invasão de áreas da Terra Indígena Kaxinawa do Seringal Independência para a extração ilegal de madeira. Segundo os indígenas, o crime estaria sendo cometido por madeireiros da região. A denúncia ganhou reforço nesta semana com o sertanista Antônio Macedo, conhecido como Txai Macedo, que recebeu áudios e vídeos das lideranças Huni Kuĩ documentando a situação.
Em um dos vídeos, os indígenas mostram uma árvore recentemente cortada, restando apenas a base e as raízes. O cacique Yawa Bane, em sua fala, reforça a importância do respeito aos limites do território indígena: “Nós sempre cultivamos nossa relação de amizade com a vizinhança, então é importante, mais uma vez, que cada um reconheça o limite disso para que possamos respeitar os limites da fronteira do território indígena”.
O flagrante ocorreu durante uma ação de monitoramento dos limites da terra indígena. Nas imagens, é possível ver árvores já cortadas e serradas dentro da mata fechada, evidenciando a prática criminosa. Além da extração ilegal de madeira, os Huni Kuĩ também relatam a invasão de suas terras por caçadores e pescadores não indígenas, o que reduz a oferta de alimentos e coloca em risco a segurança alimentar das aldeias.
Jordão é um dos municípios com a maior população indígena do Acre, dividida entre comunidades em terras demarcadas e bairros urbanos, como o Kaxinawa. Diante das denúncias, o sertanista Antônio Macedo, por meio da Fundação Txai, organização que lidera, acionou instituições públicas para tomar medidas contra as invasões.
“A Fundação Txai, em estreito cumprimento do dever de resposta, já está requerendo junto às autoridades competentes e as instituições do poder público medidas de fiscalização e tomadas de posição em combate a tais comportamentos altamente abusivos que provocam danos aos territórios, ao meio ambiente e retiram a tranquilidade das sociedades indígenas”, afirmou Txai Macedo em publicação no Facebook.
Entre as instituições acionadas está a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio da Coordenação Regional do Juruá.
Além das invasões para extração de madeira, caça e pesca ilegais, os Huni Kuĩ também denunciam o comércio de drogas dentro das comunidades. Segundo as lideranças, a prática seria cometida por membros de organizações criminosas da cidade, que levam entorpecentes para as aldeias. O problema, que já é antigo, preocupa as lideranças, que temem que jovens indígenas se tornem aliciados por esses grupos, além de consumidores de drogas.
O caminho para a entrada de drogas no Brasil muitas vezes passa por comunidades indígenas e ribeirinhas, o que aumenta a vulnerabilidade dessas populações. As lideranças Huni Kuĩ pedem ações urgentes do poder público para coibir não apenas as invasões e a exploração ilegal de recursos, mas também o avanço do tráfico de drogas em suas terras.
A situação expõe a necessidade de políticas públicas eficazes para proteger os territórios indígenas, garantir a segurança das comunidades e preservar o meio ambiente, que é essencial para a sobrevivência cultural e física dos povos tradicionais.
jurua24horas com informação acremanchete