O município de Jordão, um dos mais isolados do Acre, já sente os efeitos da seca que, neste ano, chegou antes do esperado. Sem acesso por estradas, a cidade depende exclusivamente de barcos e aviões para receber mercadorias e transportar pessoas. Com o nível do Rio Tarauacá muito baixo, os impactos na logística e nos preços já são sentidos pelos moradores.
A coordenadora da Defesa Civil municipal, Maria José, alerta para a gravidade da situação. “O máximo que o rio chegou no inverno foi 4,95 metros. Desde então, só tem baixado, ficando entre 2,5 e 3 metros. A água ainda está atuva [barrenta], mas muito rasa. O período de seca mesmo é entre agosto e setembro, mas neste ano começou mais cedo e, infelizmente, tudo indica que será pior que a do ano passado”, explicou.

As dificuldades no transporte fluvial têm atrasado a chegada de produtos. Embarcações menores, com cargas de até mil quilos, podem levar de 6 a 10 dias para chegar ao município. Já barcos maiores, dependendo da carga e das condições do rio, podem demorar até 20 dias ou até mesmo não completar a viagem durante o verão amazônico. “Tem um barco trazendo uma máquina que já está há mais de um mês no rio e provavelmente só vai conseguir chegar no inverno”, relatou ribeirinho.
Na manhã desta quarta-feira(9), o portal O Juruá 24 Horas entrou em contato com o empresário Ferreira, conhecido comerciante de Jordão. Ele alertou que o impacto da seca nos preços já começou a ser sentido no setor. “O frete já subiu, então com certeza os preços no comércio também vão começar a subir agora no final do mês. Tudo vai ficando mais caro por causa dessa logística complicada”, afirmou.

O prefeito de Jordão, Naudo Ribeiro, também expressou preocupação. “É muito difícil. Quando o rio seca, tudo encarece. O transporte por avião é muito caro, e o barco leva muito tempo ou não consegue chegar. Os comerciantes já começaram a repassar os aumentos para o consumidor, porque a logística está muito complicada”, disse.
Com a previsão de estiagem prolongada e poucas chances de chuvas significativas, o município deve intensificar medidas emergenciais e buscar apoio estadual e federal para garantir o abastecimento e evitar uma crise mais severa nos próximos meses.
Por Beatriz Santos, Redação Juruá24horas