No final da tarde deste sábado (19), o Teatro dos Náuas, em Cruzeiro do Sul, foi palco de um momento importante para a cultura popular da região, a formatura, batizado e troca de cordas de capoeira, reunindo mestres, professores e praticantes em uma grande celebração da arte-luta que é Patrimônio Cultural do Brasil e da Humanidade.
O evento teve como foco a valorização da capoeira como ferramenta de transformação social, cultural e emocional, com a presença de familiares, representantes de grupos tradicionais e mestres que vêm desenvolvendo trabalhos de impacto junto à juventude da região. A programação incluiu rodas de capoeira, cerimônia de graduação e apresentações.
Um dos momentos mais emocionantes foi a graduação do contra-mestre Francisco Benedito Ferreira, o Mestre Benna, que após mais de 26 anos de atuação recebeu oficialmente o título de Mestre. Reconhecido pelo trabalho social que realiza em comunidades de Cruzeiro do Sul, Benna destacou a emoção do momento.
“É como se fosse minha primeira graduação. Foram 26 anos de luta, tirando jovens das ruas, do mundo do crime, e levando para a capoeira. Temos ex-alunos que hoje estão na universidade, cursando Medicina, e que foram resgatados por esse esporte”, contou emocionado.
A professora Carlene da Silva também esteve presente no evento e reforçou o papel da capoeira na construção de cidadãos conscientes. “Essa atividade não é só física, é psicológica, é social, é educação. Estamos formando cidadãos de bem e valorizando nossa cultura”, afirmou.
Quem também acompanhou de perto a cerimônia foi o Mestre Falcão, que ressaltou o simbolismo do momento para toda a comunidade capoeirista da região. “Hoje é um divisor de águas para a capoeira no Vale do Juruá. Estamos graduando um mestre que representa trabalho sério e compromisso com a sociedade. Nosso grupo, o Afro Ginga, é 100% social e atua sem cobrar mensalidade porque acreditamos que esporte, cultura e educação são transformadores.”
O evento também serviu como espaço de diálogo entre mestres e capoeiristas sobre a importância de políticas afirmativas de salvaguarda da capoeira como patrimônio imaterial, e destacou a necessidade de apoio contínuo a projetos sociais que utilizam o esporte como meio de inclusão.
Jurua24horas