Pesquisa da UFAC pode revolucionar a produção de açaí do estado; entenda

O projeto está entrando em seu quarto ano de desenvolvimento e deverá ser concluído quando chegar ao sétimo ano

O açaí é um dos principais frutos consumidos no estado do Acre, sendo uma das grandes marcas do estado, entretanto, grande parte da sua produção é retirada de açaízeiros em ambiente de floresta.

Como maneira de entender melhor a planta e potencializar o seu crescimento e produção em área de terra firme, o professor doutor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Leonardo Souza, falou sobre o projeto em parceria com a Embrapa Acre, que se encaminha para o seu quarto ano.

Ele explica que o estudo que está sendo realizado é referente ao manejo da irrigação do açaí solteiro.

“Na natureza a gente observa que ela é exigente em água porque ela gosta de um solo úmido, então pensando nessa escala comercial em área de terra firme a gente precisa irrigar a planta, e quando faz isso tem a possibilidade de produzir o fruto na entressafra, quando o preço tá lá em cima, você não tem oferta e tem a demanda”, explicou.

O professor segue dizendo que a pesquisa visa determinar a quantidade de água mais efetiva para a irrigação do açaí, observando o seu desenvolvimento em diferentes cenários de reposição de água: sem irrigação; com 25% de irrigação; com 50% de irrigação; com 75% de irrigação; com 100% de irrigação; e com 125% de irrigação com base na evapotranspiração de referência.

Sobre o tempo da pesquisa e os possíveis resultados, o professor explica que este é um trabalho pioneiro e de longo prazo, e que ao todo o processo deverá levar cerca de sete anos até obter a primeira produção.

 “Nossa primeira colheita será feita depois de sete anos desde o plantio. O primeiro ano da pesquisa foi conduzida por uma aluna de graduação, Márcia Chaves que fez a sua monografia com os dados coletados referente ao primeiro ano de desenvolvimento da planta e hoje é doutoranda no programa de Pós Graduação em Agronomia da UFAC, a acadêmica Júlia assumiu no segundo e no terceiro ano”, revela.

O professor que lidera a pesquisa explica que o tempo de maturação da planta pode diminuir, dando a primeira safra antes do tempo comum/Foto: Vitor Paiva/ContilNet

Júlia Luiz, de 22 anos, acompanha o projeto desde 2023, quando ainda estava na graduação, no curso de engenharia agronômica.

Agora, já no mestrado também no Programa de Pós Graduação em Agronomia da UFAC, ela continua a pesquisa e fala sobre algumas dificuldades enfrentadas durante o processo de pesquisa.

“Para a variável de açaizeiro que estudamos ainda não tinham dados concretos, então não tínhamos hipóteses corretas, teríamos que descobrir por meio dos tratamentos com diferentes níveis de reposição de água e cada um dos tratamentos se compara de uma forma e, além disso, vem a questão do desenvolvimento vegetativo na planta que varia sua concentração de recursos conforme seu estabelecimento”.

A jovem explica ainda que além dela, e de Márcia Chaves, que começou o projeto, outros alunos foram muito importantes para a continuidade da pesquisa e deixa um agradecimento especial para eles.

 “Queria agradecer a equipe do Laboratório de Mecanização que me acompanhou no decorrer de 2023 e 2024 Ruan Cézar Kockzinski, João Pedro Cavalcante, Flávia Brilhante, Livia Rocha, David Nascimento, Guilherme Calado, Kelysomar Olivencio, Cathariny Rocha, Thiago Chalub, Débora Rocha, Mário Gabriel, dentre outros. Em especial ao doutorando Jarderson Cassimiro que também é orientado do professor Leonardo e acompanha de perto desde o início”, destacou.

Julia Luiz (de rosa ao centro) acompanhou o projeto nos últimos dois anos/Foto: Cedida

O professor Leonardo explica ainda que, como forma de proteger as plantas de açaí de altos níveis de radiação solar nos seus primeiros anos de cultivo, bananeiras são plantadas nas entrelinhas das plantas do açaizeiro, possibilitando sombreamento parcial e agregando uma fonte de renda para o produtor enquanto o produto principal se desenvolve.

“O açaí que nós plantamos aqui, o solteiro, ele foi implantado num espaçamento de 3m por 3m. Nós inserimos a bananeira, porque o açaizeiro solteiro é muito sensível à radiação na fase inicial então nós fizemos o plantio da bananeira que tem um crescimento rápido”, explicou, enfatizando que as pesquisas realizadas pela Embrapa (que é a principal instituição parceira da pesquisa) com sombreamento foi fundamental para a continuidade do projeto.

“Logo no primeiro ano já tiramos uma safra de banana, já tivemos aqui duas safras, estamos na terceira. Isso agrega para produção, já que gera uma redução de custo de plantação e manutenção da lavoura, porque você vai colher o açaí quando completar sete anos”, explica.

O professor pesquisador afirma que a próxima etapa será a retirada das bananeiras, já que os açaís já cresceram o suficiente para que resistam a radiação solar e se desenvolvam de maneira adequada.

Por fim, Souza explicou que devido a velocidade do crescimento de alguns exemplares, existe a possibilidade de o tempo estipulado para que os açaizeiros deem frutos seja menor, podendo reduzir para seis ou cinco anos, mas ainda não é possível afirmar isto com exatidão, apesar de ser uma possibilidade.

O professor agradece ainda a todos os alunos que colaboraram e estão colaborando no desenvolvimento da pesquisa, sem o apoio dessa equipe seria muito difícil a realização das atividades.

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