Apreensão de drogas na Amazônia Legal cresce em mais de 40%

A pesquisa destaca que a presença das facções é resultado de alianças e adesões formadas dentro do sistema prisional, o que tem reconfigurado o cenário do crime organizado na região.

Dados recentemente divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública revelam um aumento significativo na apreensão de drogas na região da Amazônia Legal, com o estado do Acre destacando-se entre os mais afetados. Em 2024, a quantidade de entorpecentes apreendidos pelas polícias estaduais na área subiu 40,92%, refletindo a intensificação das ações policiais e a utilização da região como rota estratégica pelo tráfico de drogas.

A Amazônia Legal, que inclui o Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão, viu o volume de cocaína e maconha apreendidas saltar de 78.426 quilos em 2023 para 110.518 quilos no ano seguinte. Especificamente, a apreensão de maconha no Acre aumentou impressionantes 217,73%, evidenciando a crescente vulnerabilidade do estado frente ao narcotráfico.

David Marques, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, correlaciona esse aumento com a elevação na produção de cocaína em países vizinhos como Colômbia, Bolívia e Peru, conforme relatório da ONU. Aiala Colares, do Instituto Mãe Crioula, ressalta que, apesar da atuação policial mais intensa, o volume de drogas que ingressa na região é alarmante, com pistas clandestinas facilitando o trânsito de aeronaves carregadas de entorpecentes.

O estudo das Cartografias da Violência na Amazônia, elaborado pelo Fórum e pelo Instituto Mãe Crioula, indica que 260 dos 772 municípios da Amazônia Legal enfrentam a presença de facções criminosas. O Comando Vermelho e o PCC são os grupos mais prevalentes, com o primeiro dominando cidades em maior número, enquanto o segundo expande sua influência através de alianças com grupos locais, como o Bonde dos 13 no Acre.

A pesquisa destaca que a presença das facções é resultado de alianças e adesões formadas dentro do sistema prisional, o que tem reconfigurado o cenário do crime organizado na região. Grupos locais, como a Família Terror do Amapá e a União Criminosa do Amapá, têm sido incorporados ou fundidos com facções maiores, enquanto outros, como o Bonde dos 40 no Maranhão, mantêm relevância em meio à disputa territorial entre as facções.

Para Marques, o combate ao tráfico de drogas exige mais do que apreensões: é necessário um enfrentamento robusto, que inclua ações contra a lavagem de dinheiro e um trabalho integrado de inteligência. Colares reforça que os números alarmantes de apreensões na região demonstram a necessidade de estratégias mais eficazes para lidar com o problema.

O estudo foi realizado com base em visitas a cidades da região, entrevistas com autoridades e informações de órgãos públicos, além de notícias e dados de redes sociais. A análise detalhada desses dados visa a compreender melhor a dinâmica do crime organizado e suas ramificações na Amazônia Legal, especialmente no Acre, onde o cenário se mostra particularmente desafiador.

jurua24horas

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