A primeira campanha de busca ativa para diagnóstico e tratamento da lobomicose, uma infecção fúngica rara e de difícil diagnóstico, foi realizada nesta quinta-feira (10) no Hospital de Dermatologia Sanitária, mais conhecido como Hospital Dermatológico, em Cruzeiro do Sul. A ação teve como objetivo identificar pacientes com sinais e sintomas da doença e garantir o início imediato do tratamento, evitando complicações graves.
A campanha faz parte do projeto do Proad Sus, do ministério da Saúde, coordenado pelo hospital Albert Einstein. Segundo a pesquisadora Franciely Gonçalves, da Universidade Federal do Acre (UFAC), a iniciativa representa um avanço significativo no combate à lobomicose, especialmente no estado do Acre, que concentra cerca de 70% dos casos registrados no Brasil e no mundo.
“A doença de Jorge Lobo é causada por um fungo, e cerca de 90% das pessoas que desenvolvem a enfermidade moram ou já moraram na floresta. Isso sugere que o fungo pode estar presente na água, no solo e em plantas da região. Esta campanha faz parte de um projeto do PROAD SUS, coordenado pelo Hospital Albert Einstein e realizado em três estados brasileiros: Acre, Rondônia e Amazonas. No Acre, temos a maior incidência da doença, o que torna essa iniciativa essencial para a identificação e tratamento dos pacientes”, explicou Franciely Gonçalves.
Durante a ação, uma equipe de médicos e profissionais da saúde realizou consultas, exames e procedimentos de biópsia, cujos materiais serão enviados para análise em São Paulo. O atendimento no Hospital Dermatológico se estendeu ao longo do dia, com previsão de conclusão dos procedimentos até as 15h. Os pacientes diagnosticados serão acompanhados por uma equipe médica a cada três meses e novos casos poderão ser incluídos na pesquisa.
Identificação dos sintomas e importância do tratamento
A lobomicose não possui um protocolo oficial de cura, o que reforça a necessidade do diagnóstico precoce e do tratamento contínuo. A pesquisadora destaca que os principais sintomas incluem lesões nodulares semelhantes a queloides, que aparecem principalmente na orelha, braços e pernas, causando coceira intensa.
“A doença de Jorge Lobo se manifesta por meio de nódulos na pele que coçam bastante. Se a população identificar caroços semelhantes a queloides nessas regiões do corpo, é fundamental buscar atendimento médico para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes”, alertou Franciely.
Atualmente, a lobomicose não é de notificação compulsória, o que significa que não há um registro oficial do número de casos no Brasil. No entanto, o objetivo do Projeto Jorge Lobo é comprovar a eficácia do tratamento em desenvolvimento para que a doença possa futuramente ser incluída no sistema de notificação obrigatória do Ministério da Saúde, assim como outras enfermidades como dengue e hanseníase.
Continuidade do atendimento
Após o encerramento da campanha desta quinta-feira, os pacientes que apresentarem sintomas da doença poderão continuar buscando atendimento no Hospital Dermatológico de Cruzeiro do Sul. Uma equipe médica local permanecerá no hospital para realizar novos diagnósticos e encaminhamentos.
“Uma equipe composta por médicos e enfermeiros seguirá acompanhando os casos no hospital. Além disso, daqui a três meses retornaremos a Cruzeiro do Sul para reavaliar os pacientes atendidos e coletar novos materiais para análise em São Paulo. Caso surjam mais diagnósticos nesse período, eles também serão incluídos na pesquisa”, finalizou a pesquisadora.
A ação reforça o compromisso com a saúde pública e a importância de campanhas preventivas para a detecção precoce de doenças raras, garantindo melhor qualidade de vida aos pacientes.
Por Jurua online