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A rotina simples de Claudiney Santos, de 14 anos, entre o gado, os cavalos e o apoio ao pai no seringal, mudou drasticamente após o diagnóstico de um osteossarcoma — um tipo de câncer maligno que atinge os ossos longos dos braços e das pernas. O tumor foi descoberto no ombro direito do adolescente depois de uma queda com um bezerro, em dezembro do ano passado.
Morador do Seringal Boa Esperança, às margens do Rio Purus, Claudiney vive com os pais em uma área de difícil acesso: são necessárias de seis a sete horas de barco a partir de Sena Madureira, no interior do Acre, para chegar até sua casa. Filho único, ele sempre foi o principal ajudante do pai, um pequeno agricultor, no manejo do gado.
No acidente, Claudiney machucou inicialmente o braço esquerdo e foi levado à capital, Rio Branco, para tratamento. Embora tenha se recuperado, logo começou a sentir dores intensas no braço oposto. Após uma ressonância magnética, veio o diagnóstico que mudaria tudo: um tumor ósseo maligno no ombro direito.
“Estou tratando essa doença e, pra Deus, nada é impossível”, disse o jovem.
Antes da doença, Claudiney estava aprendendo a tocar violino para se apresentar nos cultos da igreja que frequenta com os pais. Ele também se preparava para cursar o 9º ano do ensino fundamental, mas precisou interromper os estudos para iniciar o tratamento.
No fim de dezembro, viajou com a mãe para buscar atendimento médico. “Demorou muito até conseguirmos levá-lo ao Hospital de Amor. Quando chegamos, ele já estava sem tato no braço. Precisou fazer uma biópsia, e a situação piorou: o inchaço aumentou e agora desceu até os dedos”, relatou o pai, Claudeni Costa Silva, de 46 anos.
O tumor, do tamanho de um limão, exige inicialmente 10 sessões de quimioterapia para que reduza e permita a realização da cirurgia. “Se desinchar, ele pode operar. Se não, vai precisar de mais quimioterapia. Se operarem assim, sem reduzir, ele perde o braço. Mas temos fé de que o tratamento vai funcionar”, espera o pai.
No momento, Claudiney está internado na UTI após a descoberta de um trombo no coração e um nódulo no pulmão. Ele passa por tratamento com anticoagulantes para poder retomar as sessões de quimioterapia.
Tratamento fora do estado
De acordo com o pai, a família buscou atendimento em duas unidades de saúde de Rio Branco, mas foi informada de que o tratamento para esse tipo de câncer não é oferecido no Acre. Eles não conseguiram acesso ao benefício do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e decidiram, com recursos próprios, buscar o Hospital do Amor em Porto Velho, Rondônia.
Realidade difícil
A luta contra a doença é acompanhada por uma dura realidade financeira. Hospedados em uma pousada alugada na capital rondoniense, a família precisa se deslocar diariamente até o hospital, que fica a 23 quilômetros de distância. “Pagamos entre R$ 50 e R$ 60 de transporte por dia. Estamos aqui, só eu e a mãe dele. Largamos tudo no seringal”, conta o pai.
Para tentar cobrir os custos, Claudeni iniciou uma campanha de arrecadação. “Toda ajuda é bem-vinda”, afirma.
Claudiney ainda revelou um problema adicional: pessoas estariam utilizando sua imagem para arrecadar dinheiro de forma indevida. “No Instagram, pegaram minha foto e estão pedindo dinheiro no meu nome, fora do meu Pix”, denunciou.
Com informações do G1, Contilnet