Toda cultura ibérica e suas colônias, mesmo que hoje em dia algumas sejam independentes, estão contaminadas pelas práticas de dominação e escravização. Portugal e Espanha, em suas viagens exploratórias do passado, durante a era das grandes navegações a partir do século XVI, fizeram com que os países consolidassem em suas culturas o desejo de se expandirem da forma mais cruel possível, subjugando outros povos e culturas, dizimando nativos e traficando pessoas como mercadorias, ou seja, “escravos”, para promover o desenvolvimento.
Mesmo com a passagem de cinco séculos, o inconsciente coletivo das sociedades, assim como de seus líderes políticos, está tomado pelo desejo de dominação e posse sobre os demais. O racismo, portanto, para eles, quase se justifica, pois o preto sempre foi uma peça em suas jogadas. Isso faz com que ver um preto se destacando, sendo admirado e adorado por milhões de pessoas, seja algo intolerável ou até inaceitável. E nesse contexto estão incluídos todos: governo, organizações esportivas, proprietários de clubes, torcedores e muito mais.
Há bastante tempo, o jogador de futebol Vinícius Júnior vem sendo atacado e discriminado de todas as formas possíveis, e até o momento não foi feito nada concreto. Se ele fosse um branco ariano, galês ou germânico, o mundo já teria entrado em guerra.
O que é ainda mais decepcionante é observar o cristianismo ibérico em um país onde 66% da população é católica apostólica romana. Ao longo de mais de 500 anos, não foi capaz de derrubar o jugo social racista e explorador. Ao invés disso, pratica-se uma religião que não aproveita para nada além de manter catedrais opulentas cheias de pessoas vazias e templos protestantes lotados de indivíduos preocupados apenas com seu micro círculo de convivência. Um evangelho que não muda a sociedade e suas mazelas não é o verdadeiro Evangelho, mas sim apenas um passatempo de uma cultura exclusivista que acredita ter sozinha o direito à posse do Céu.
Marcos Neto