Durante cinco dias, o Centro Diocesano de Cruzeiro do Sul foi palco de um encontro promovido pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), reunindo lideranças de 14 territórios indígenas da região. A iniciativa teve como objetivo discutir estratégias, avaliar projetos em andamento e ouvir as demandas de cada povo, com foco no fortalecimento das comunidades e na proteção dos territórios.
Coordenador da OPIRJ, Francisco Pyanko destacou que o encontro permitiu uma troca rica de experiências entre os povos. “Nós estamos discutindo as estratégias, analisando os projetos nos territórios e suas relações com os parceiros da região. Cada povo tem sua realidade, por isso o processo é demorado e necessário. A ideia é ouvir, compartilhar e construir juntos caminhos para fortalecer nossas agendas”, explicou.
A OPIRJ tem investido fortemente dentro dos territórios, com recursos que somam cerca de R$ 40 milhões. Esses recursos têm sido aplicados em ações como segurança alimentar , com a construção de açudes e galinheiros, sistemas agroflorestais, festivais culturais e encontros que reforçam as tradições e a autonomia das comunidades.
Durante o encontro, também foi anunciada a realização, em breve, do Festival dos Povos da Floresta, um grande evento que celebrará a diversidade cultural dos povos indígenas do Juruá em Cruzeiro do Sul.
Liderança do povo Noke Koi, Powa Noke Koi ressaltou a importância do apoio institucional proporcionado pela OPIRJ. “Estamos representando 11 aldeias. Esse debate é fundamental para fortalecer a organização dos povos, garantir segurança alimentar e proteger nossos territórios. Infelizmente, enfrentamos invasões constantes por caçadores e madeireiros. Com esse projeto, conseguimos ter mais estrutura para monitorar e dialogar com comunidades vizinhas, como RESEX e ribeirinhos, buscando uma convivência mais harmoniosa”, destacou.
Já Fernando Henrique Kaxinawá, presidente de associação e liderança da Terra Indígena kaxinawá do Rio Breu, enfatizou que o apoio da OPIRJ está fazendo a diferença para as comunidades. “Antes enfrentávamos muita dificuldade. Hoje temos uma associação fortalecida e estamos sendo beneficiados com ações que impactam diretamente nossa vida nas aldeias”, afirmou.
O encontro também contou com a presença de representantes das Reservas Extrativistas do Alto Juruá e do Rio Liberdade, visando ampliar o diálogo entre indígenas, comunidades tradicionais e órgãos parceiros, fortalecendo alianças para proteção e gestão sustentável dos territórios amazônicos.

jurua24horas