460 mil crianças podem morrer de Aids até 2030 após cortes dos EUA

Lançado em 2003, o Pepfar é um dos principais programas globais no enfrentamento do HIV. Estudo mostra que impactos vão além da saúde.

Foto : Getty Images

Mais de 1 milhão de crianças podem ser infectadas com o vírus HIV e 460 mil podem morrer de Aids até 2030 caso o Pepfar, programa dos Estados Unidos para combate à doença, seja suspenso ou sofra cortes no orçamento. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira (8/4), em um estudo publicado na revista The Lancet.

A pesquisa foi motivada pela decisão do presidente Donald Trump de cortar recursos do programa, que tem atuação central em países da África Subsaariana. Segundo os autores, o impacto vai além da saúde: nos próximos cinco anos, até 2,8 milhões de crianças podem ficar órfãs se o Pepfar for descontinuado.

O estudo usou simulações feitas com dados atuais sobre infecções por HIV e mortes causadas pela Aids. Além de mostrar os riscos de acabar com o programa, os pesquisadores destacam que manter o Pepfar até 2030 é viável financeiramente e continua trazendo resultados importantes no longo prazo. A data está alinhada com a meta global de acabar com a Aids como ameaça à saúde pública até o fim da década.

EUA saem da OMS
O presidente Donald Trump anunciou a saída dos EUA da OMS em janeiro, no dia em que tomou posse para o segundo mandato.
O país era, até então, o maior doador da agência de saúde da União das Nações Unidas (ONU).
Os EUA financiaram 75% dos programas da OMS para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis entre 2024 e 2025.
Os esforços para combater o HIV, a poliomielite, a malária e a tuberculose já são afetados pela pausa na ajuda externa dos EUA.
Programa salvou milhões de vidas
Lançado em 2003, o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (Pepfar) é um dos principais programas globais no enfrentamento do HIV. Em duas décadas, foram investidos mais de US$ 120 bilhões (cerca de R$ 774 bilhões) em ações de prevenção e tratamento.

Hoje, mais de 20 milhões de pessoas — a maioria na África Subsaariana — recebem atendimento graças ao Pepfar. Desde 2010, o número de órfãos por Aids na região caiu de 14 milhões para 10,5 milhões.

Segundo os especialistas, os efeitos positivos abrangem o fortalecimento dos sistemas de saúde locais, a prevenção da violência sexual contra meninas, o suporte a programas infantis e a melhora das relações diplomáticas e comerciais entre os EUA e países africanos.

Futuro do Pepfar depende de apoio internacional
A publicação também traz uma carta assinada por 11 autoridades de saúde do continente africano, reforçando o compromisso de governos locais com a continuidade do programa.

Entre as propostas para garantir sua sustentabilidade até 2030 estão o envolvimento de parceiros locais e internacionais, a ampliação do cofinanciamento, o apoio a iniciativas comunitárias e o aperfeiçoamento das redes de saúde.

A transição já está em curso: o cofinanciamento dos países beneficiados saltou de US$ 13,1 bilhões (cerca de R$ 84,4 bilhões), em 2004, para US$ 40,7 bilhões (aproximadamente R$ 262,3 bilhões), em 2021.

Os autores do estudo reconhecem limitações na análise, como a instabilidade do financiamento internacional e as incertezas sobre o futuro do programa. Ainda assim, reforçam que o fim do Pepfar colocaria em risco uma geração inteira.

Por: Metrópoles

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